Yakuza: Like a Dragon | Review

Yakuza: Like a Dragon é mais um jogo da totalmente excelente série Yakuza. Desenvolvido pelo Ryu Ga Gotoku Studio e distribuído pela SEGA, que optou por dar uma guinada violenta na franquia e transformar o que era um beat em’ up 3D em um RPG. E, meus amigos, o resultado foi completamente diferente do que eu esperava.

Portanto, é tempo de jogar bicicletas nos outros e cantar Baka Mitai chorando no karaokê, leitor. Vejamos o que Yakuza: Like a Dragon nos reserva em mais uma análise do Pizza Fria!

O fim de uma era

A vida é cheia de surpresas leitor. Quando vi um vídeo de 1º de Abril da SEGA dizendo que Yakuza ia se tornar um RPG, levei na brincadeira e não pensei que seria real. Quando vi que o jogo realmente seria lançado, fiquei com o pé atrás. Uma das minhas séries favoritas de luta se tornando um RPG? Absurdo! O medo era real, e meu coração gelado me dizia para não confiar nos caras. Mas, nossa senhora, como eu quebrei a cara. Yakuza: Like a Dragon é um dos melhores RPGs que joguei recentemente.

Mas antes, vamos contextualizar. Yakuza é uma franquia antiga, tendo seus primeiros jogos lançados na época do bom e velho PlayStation 2. Naqueles dias sombrios, ela era chamada, nos maus círculos, de uma espécie de GTA japonês, mas esse nunca foi o caso. O jogo era, sim, em mundo aberto, mas tinha um enfoque muito maior em combates mano a mano, histórias paralelas e uma certa bizarrice que não se via em outro lugar. Isso até hoje é um dos pontos de maior diferença da série para com outros jogos no estilo, e um de seus maiores charmes.

Yakuza: Like a Dragon
Os três amigos. (Imagem: Divulgação)

Por esses e outros motivos ela era lançada em mercados ocidentais, mas foi deixada de lado pela SEGA por um tempo devido a um volume de vendas mais baixo. Mas isso começou a mudar depois de Yakuza 0, e Yakuza: Like a Dragon veio firmar que a série realmente é amada e tem futuro em todos os mercados.

A história é um ponto forte, na minha opinião, por isso darei apenas uma pincelada geral aqui. Yakuza: Like a Dragon te coloca no controle de Ichiban Kasuga, um membro de baixo nível da família Arakawa, uma subsídiaria do Tojo Clan. No começo da trama, nosso bacana Ichi assume um assassinato a pedido de seu patriarca e figura paterna, Arakawa, e vai preso por 18 anos. Mas sua liberdade acaba não sendo o que esperava. Arakawa lhe dá um tiro no peito, e o abandona em um acampamento de indigentes na cidade de Ijincho. Daí para frente se desenrola uma série de voltas e reviravoltas, acontecimentos bizarros e dramas.

Yakuza: Like a Dragon
Nosso herói Ichiban Kasuga. (Imagem: Divulgação)

Quando vi que o protagonista não seria mais o bom e velho Kazuma Kiryu admito que fiquei preocupado. O novo assusta, não é leitor? Mas Yakuza: Like a Dragon novamente quebrou minhas expectativas. Ichiban é um personagem maravilhoso. Seja pelo seu jeito bobão, pelo seu carisma e carinho ou pela forma que tenta sempre ajudar e animar todos a sua volta. Seja pela sua imaginação que o faz enxergar tudo como se fosse um RPG de Dragon Quest. Em suma, a série está em boas mãos.

Dentro de um grandioso RPG

Aqui está a grande mudança de Yakuza: Like a Dragon. O jogo agora é um RPG por turnos, nos moldes tradicionais japoneses, no qual cada personagem tem uma ação baseado em suas classes. No time de Ichiban, temos Koichi Adachi, Yu Nanba, Saeko Mukuoda, Eri Kamataki, Joon-gi Han e Tianyou Zhao. Cada qual conta com uma classe exclusiva, duas no caso de Ichiban, e podem alternar livremente entre as outras disponíveis. As classes são todas baseadas em profissões “reais” como chefes de cozinha, guarda-costas, policiais e afins.

Yakuza: Like a Dragon
Um exemplo da tela de seleção de itens em Yakuza: Like a Dragon. (Imagem: Divulgação)

O sistema de combate até tentou incorporar algumas coisas da série, com resultados variados. Ainda é possível atacar inimigos usando bicicletas e cones. Se estiverem no percurso entre o personagem que ataca e o alvo, eles são utilizados como um ataque livre. Além disso, dependendo da afinidade dos membros com Ichiban, eles podem realizar um ataque de oportunidade contra qualquer inimigo caído.

Os combates em Yakuza: Like a Dragon acontecem no momento que os inimigos veem o time do jogador nas ruas. A tela de comandos é limpa e clara, e os personagens ficam andando e falando ao longo das lutas para dar uma autenticidade maior. Isso é bom, mas atrapalha um pouco na hora de usar algumas habilidades em área. Por vezes utilizei um ataque que acerta em círculo para ver que na hora da execução do golpe os inimigos já estavam longe. E as vezes algumas animações dão uma leve travada porque há algum obstáculo como postes e afins entre o atacante e o atacado. Mas, nada que quebre o esquema.

Yakuza: Like a Dragon
Os perigosos juntos. (Imagem: Reprodução)

Os combates e afins são como um RPG tradicional, inspirado fortemente em Dragon Quest como dito pela própria desenvolvedora. Ichiban é uma fã confesso da franquia, e enxerga tudo em uma visão imaginativa de um JRPG. Por isso o sistema de classes diferentes baseado em empregos, itens que recuperam vida, invocações e afins. Inclusive, ele pode usar o telefone para chamar aliados que servem como os summons clássicos de jogos como Final Fantasy, que vão desde causar dano até fortalecer o time.

Fora isso, Yakuza: Like a Dragon conta com uma quantidade enorme de atividades extras. O maior foco aqui são nas sub-histórias, que funcionam como se fossem quests paralelas. Ichiban ajuda todo tipo de gente, e algumas vão do amável ao absurdo. Por exemplo, em uma você ajuda uma menina a pedir doações para permitir que o irmão faça uma cirurgia. Na outra, você enfrenta um chimpanzé que pilota uma escavadeira (sério).

Yakuza: Like a Dragon
Yakuza: Like a Dragon é o primeiro jogo da série a ser localizado em português, e a tela de combate ficou bem legal. (Imagem: Divulgação)

Além disso, Yakuza: Like a Dragon conta com uma série de minigames como coletar insetos, completar uma lista de inimigos como se fosse um pokedex, jogar baseball, golfe, coletar itens, fazer provas para aumentar os níveis de compaixão, carisma, coragem e inteligência de Ichiban. Eles até criaram um de Kart, como todo um sistema de corrida e itens ao estilo de jogos consagrados como Mario Kart. E, além de tudo, foi muito bem feito e é divertido demais de jogar.

Sons e Visuais

Visualmente, o jogo me agradou. Tem um estilo no combate e nos personagens que cai muito bem na tonalidade do jogo. Não é algo no nível de Persona 5: Strikers, mas ainda é muito bem feito. A Dragon Engine, na qual a série é construída desde Yakuza 6, é bonita e funcional. Contudo, algumas animações são repetidas faz anos e não é incomum correr e sair trombando em tudo. Ela funciona, mas ainda me parece um pouco estranha.

Yakuza: Like a Dragon
Ichiban invocando um de seus vários amigos para darem uma forcinha. (Imagem: Divulgação)

A música de Yakuza: Like a Dragon é muito boa, com trilhas de combate vibrantes que fazem o coração bater forte e cada luta ser empolgante. O tema de batalha de Ijincho, por exemplo, é maravilhoso. Sotenbori também, e é baseado no que era usado em Yakuza Kiwami 2. Uma boa referência para aqueles que acompanham a série de longa data.

A dublagem também é excepcional e, como visto desde Judgement, agora tem versões em inglês. É outra prova que a SEGA realmente vê um futuro para Yakuza fora do mercado japonês, e que ainda veremos muita coisa boa pela frente. Quem sabe um dia, leitor, meu sonho de jogar Yakuza Isshin e Kenzan, exclusivos do mercado japonês, não irá se realizar?

Vale a pena comprar Yakuza: Like a Dragon?

Você deve ter notado, sagaz leitor, que sou um grande fã da série Yakuza. Mas, apesar disso, estava muito desconfiado e até desanimado com as mudanças propostas por Yakuza: Like a Dragon. Mas, e digo com alegria, fui completamente pego de surpresa. O jogo é um RPG maravilhoso, divertido e com charme e coração. Tanto que eu o recomendaria para qualquer um que procura uma boa história para jogar e acompanhar, com personagens carismáticos e bem construídos.

Além disso, o jogo é lotado de conteúdo. Não vou dizer tudo para não estragar a surpresa, mas além do que já falei acima há um mini-game de coletar latas, crafting de equipamento, arenas de combate. Um modo de gerenciamento de empresas que me levou quase dez horas para completar, que nem notei passar. E o amado karaokê. Eles incluíram Baka Mitai! Simplesmente uma das melhores músicas que já ouvi na vida.

Em suma, leitor, Yakuza: Like a Dragon é um jogão. Divertido, envolvente e que vai te render horas e mais horas de conteúdo e diversão. Recomendo fortemente. O título está disponível para Xbox Series X|S, Xbox OnePlayStation 4 e PlayStation 5, e PC, via Windows 10 e Steam.

*Review elaborada em um PC equipado com AMD RX, com código fornecido pela SEGA.

Yakuza: Like a Dragon

R$ 249,90
9.3

História

10.0/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Gameplay

9.0/10

Extras

10.0/10

Prós

  • Sistema de RPG divertido, bem incorporado e e com legendas em português
  • Muitas coisas para se fazer
  • História envolvente com personagens carismáticos e bem construídos
  • Uma boa revolução da forma, elevando a série para novos patamares
  • Baka Mitai

Contras

  • Muitas animações repetidas, algumas usadas desde Yakuza 3 na engine antiga
  • Alguns problemas com movimentação excessiva em combate atrapalhando o funcionamento de certas habilidades
  • Alguns problemas de animação e movimentação no mundo aberto

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.