Doki Doki Literature Club Plus | Review

Doki Doki Literature Club Plus é um visual novel com elementos de horror psicológico desenvolvido pela Team Salvato e lançado no dia 30 de junho para Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam. Esta nova versão do clássico título tem a promessa de entregar novas rotas durante a campanha e também novos capítulos que contam acontecimentos antes da campanha principal.

Após ouvir relatos de como o game original conseguia ser surpreendente e apresentar uma aventura verdadeiramente aterrorizante, o Pizza Fria decidiu adentrar este visual novel, para então descobrir se ele é digno de todos os elogios que recebe.

Um começo padrão de visual novel

Doki Doki Literature Club Plus não foge do padrão visual novel quando começa. Temos que dar um nome para o nosso personagem, o meu obviamente chamava “Batman”, e então logo que a narrativa começa devemos apertar o botão A enquanto a história é contada. Logo no começo da aventura, é apresentado ao jogador a Sayori, está que é a melhor amiga do protagonista.

A garota possui uma personalidade bem alegre e animada, sendo que em diversas situações do game ela irá ver o lado positivo das situações, tendo em mente sempre o objetivo de deixar os seus amigos felizes. Então, ela nos conta um pouco de sua vida e como está animada para o primeiro dia de aula, algo que nosso personagem não está tão animado assim.

Chegando na escola, ela pergunta em qual clube iremos nos candidatar, sendo que ela aparenta já ter uma sugestão. Após falarmos que ainda não temos um em mente, ela sugere o clube de literatura, este que ela também faz parte junto com outras três amigas. Mesmo meio receoso, o protagonista diz que pode pelo menos dar uma passada lá para conhecer e saber como funciona. Ao chegar na sala que o gruo de une, somos apresentados as amigas de nossa melhor amiga. Sendo elas, Yuri, Monika e Natsuki.

As integrantes do clube de literatura

Doki Doki Literature Club Plus
Da esquerda para a direita: Yuri, Sayori, Natsuki e Monika (Imagem: Reprodução)

Agora é importante eu falar um pouco sobre cada integrante do grupo individualmente, pois este é um fator importante lá na frente. Primeiramente temos Monika, a presidente do clube, que tem tendências controladoras e sempre quer que as coisas deem certo, embora não saiba lidar com intrigas entre outros integrantes. A garota tem um papel bem importante na narrativa, por isso recomendo fortemente prestar bastante atenção em todas as interações com ela.

Logo em seguida temos Yuri, uma garota tímida porém muito inteligente. Por ela ter sempre a insegurança que as pessoas não vão levar a opinião dela a sério, ela prefere ficar em seu próprio canto lendo livros de fantasia em vez de participar de interações sociais. Assim sendo, é comum em diversos momentos da narrativa, ela estar em um canto apenas lendo e observando, enquanto os outros personagens estão fazendo coisas mais sociais.

Entretanto, é importante citar que embora a personagem sinta essa insegurança, em momentos que ela fala sobre algo que possui bastante conhecimento, incluindo os poemas, estes que falarei com maiores detalhes mais a frente, Yuri assume uma posição de extrema confiança no que está falando, chegando até mesmo a menosprezar e tratar os outros com desprezo.

Por fim, temos Natsuki, a garota mais chata do grupo… e a minha favorita. Por ela ser a integrante mais nova e gostar de mangás, ela se sente atacada a todo momento, assumindo assim sempre a posição defensiva. Embora ela e Yuri sempre entrem em intrigas, as duas tem em muito em comum e brigarem é a forma de mostrarem que se importam uma com a outra, por mais doido que isso pareça.

Além disso, a personagem tem problemas em casa com seu pai, assim sendo, no grupo de literatura ela se sente acolhida e parte de algo, até mesmo contribuindo com biscoitos sempre que pode, atitude esta que Sayuri gosta bastante.

O clube de literatura

Agora que foram apresentados as personagens, é hora de falarmos um pouco de como funciona o clube de literatura. Após chegarmos lá, Saiuri apresenta para o jogador as suas amigas e diz que devemos escrever nosso primeiro poema, este que elas irão avaliar. Assim sendo, após alguns diálogos, Yuri deixa um livro para lermos e fala uma descrição pequena sinopse sobre ele, algo que no momento não parece importante, entretanto acaba sendo mais pra frente.

Logo depois desta reunião no clube, o jogador volta pra casa com sua melhor amiga com a importante tarefa de fazer um poema para levar no dia seguinte. Logo que chegamos em nossa casa, temos um pequeno dialogo com Sayuri, e logo depois somos apresentados a uma tela com diversas palavras, estas que formaram o poema.

É preciso então escolher 20 palavras diferentes, sendo que cada palavra irá agradar determinada garota do clube. Por exemplo, palavras relacionadas a coisas fofas irão agradar Sayuri e Natsuki, enquanto coisas mais obscuras serão do agrado de Yuri.

No dia seguinte ao chegarmos no clube, devemos apresentar nosso poema para cada personagem individualmente. Assim sendo, cada uma delas irá dizer o que achou e mostrar o que elas escreveram. Atenção nesta parte, pois embora os poemas possam parecer bobos e sem sentido, eles são muito importantes e inclusive dão dicas dos acontecimentos que virão a seguir.

Doki Doki Literature Club Plus
Embora os poemas possam parecer bobos e sem sentido, eles são muito importantes na narrativa de Doki Doki Literature Club Plus (Imagem: Reprodução)

Após mostrarmos o texto para cada personagem, a garota que mais gostar dele apresentará a opção de termos uma relação mais intima por assim dizer. No decorrer dos dias, o personagem terá que repetir as etapas acima, escrevendo poemas e se aproximando mais de uma das garotas.

Entretanto, as coisas começam a mudar quando chegamos perto do dia de um festival, este que o clube de literatura irá fazer a sua primeira apresentação. Pois perto deste evento, Sayuri começa a ter comportamentos fora do comum, e após descobrirmos o motivo, somos levados a um acontecimento chocante, momento este que faz Doki Doki Literature Club Plus começar de verdade.

Entrando na Matrix

Doki Doki Literature Club Plus
Just Monika (Imagem: Reprodução)

Embora Doki Doki Literature Club Plus, à principio, se mostre apenas um visual novel comum, ele é muito mais que isso. Após o acontecimento citado acima, temos uma quebra total de expectativa em relação ao título, pois ele se torna algo totalmente diferente do que esperávamos.

Eu gosto de comparar esse jogo com a mudança de rumo que acontece entre o filme Matrix e sua sequencia Reloaded. Pois tanto na obra cinematográfica como também aqui no game, o rumo da narrativa se torna algo filosófico, sendo que começamos a questionar conceitos como livre arbítrio e a realidade.

Assim como no filme, aqui também temos uma personagem que percebe que está vivendo em uma realidade simulada e a partir do segundo ato de Doki Doki Literature Club Plus ela começa a lutar e tentar manipular o game para que possa escapar do seu caminho pré determinado. Assim sendo, o jogador encara a realidade que ele nunca foi o protagonista desta história, sendo que o caminho que o nosso personagem segue também é único, como os das garotas do game.

Doki Doki Literature Club Plus
Doki Doki Literature Club Plus apresente diversos questionamentos filosóficos sobre livre arbítrio e liberdade (Imagem: Reprodução)

Embora possa ser dito que esse fator é presente em todos os games lineares, eu interpreto esses acontecimentos de uma forma diferente aqui, pois Doki Doki Literature Club Plus claramente tenta passar uma mensagem ao jogarmos, que tanto nós jogadores no controle, como os personagens com movimentos pré definidos dentro da obra, não somos tão diferentes assim.

Para exemplificar, temos uma situação em que uma das personagens manipula os códigos do jogo para beneficio próprio, algo que não é tão diferente de quando instalamos Mods em um game para melhorar ele de alguma forma. Assim sendo, nas duas situações nosso objetivo é escapar de algo já determinado e alcançar um desfecho diferente.

E a grande reflexão que Doki Doki Literature Club Plus deixa é, por mais que tentemos, nossas escolhas e o suposto livre arbítrio realmente são algo real? Ou apenas uma falsa sensação de liberdade para que tudo seja um pouco mais interessante e menos sem graça?

Teorias da conspiração e questionamento da realidade

Outro elemento presente no game e que pode participar despercebido, é a interação com um PC virtual que fica disponível a partir do ato 2. Ao acessar o desktop temos acesso a diversos arquivos diferentes, sendo que podemos deletar vários deles, o que irá impactar diretamente na campanha.

Doki Doki Literature Club Plus
A partir do Ato 2, é liberado o acesso a um desktop virtual, recurso este que é muito importante porém pode passar despercebido (Imagem: Reprodução)

Aqui eu terei que citar o único ponto negativo de Doki Doki Literature Club Plus na minha percepção, pois no título original, em momentos de quebra de realidade, os arquivos dentro do PC eram alterados tem tempo real, o que causava um sentimento aterrorizante. Entretanto, como nesta nova versão isso acontece no desktop virtual, é comum que esse elemento passe despercebido por grande parte dos players, o que faz com que um dos fatores mais interessantes do título acabe não tendo destaque.

Ainda falando sobre os arquivos encontrados no PC, temos diversos pequenos quebra cabeças para liberarmos documentos secretos, estes que alimentam ainda mais a teoria de um mundo simulado. Pois temos diversas referências sobre experimentos em seres humanos e até mesmo empresas de fachada no controle de tudo.

Outro fator também é que alguns destes documentos se ligam diretamente com a sinopse do livro citado por Yuri no começo do game, aumentando ainda mais as teorias. Assim sendo, é comum terminarmos a narrativa de Doki Doki Literature Club Plus com o pensamento ” o que é real?”.

Capítulos extras em Doki Doki Literature Club Plus

Uma das novidades anunciadas para esta nova versão do título é a introdução de capítulos extras que se aprofundam mais no passado das personagens aqui presentes. E esta nova linha narrativa realmente foi um grande surpresa. Pois, diferente da história mais interpretativa do game principal, aqui temos um storytelling mais pé no chão. Assim sendo, conhecemos em detalhes cada personagem do clube de literatura, o que acaba adicionando ainda mais profundidade a esses incríveis personagens.

Além disso, temos nestes episódios extras um melhor entendimento sobre a personalidade de Yuri e Natsuki. No geral, eu gostei bastante deste conteúdo extra, pois ele acabou servindo como uma narrativa mais pé no chão após os acontecimentos chocantes da história principal.

Vale a pena comprar Doki Doki Literature Club Plus?

Em uma resposta curta e direta, sim, vale muito a pena. Entretanto é importante ter em mente que este é um jogo que mexe com assuntos muito pesados, sendo alguns deles, depressão, suicídio e até mesmo automutilação. Com este fator em mente, é preciso dizer que em nenhum momento o título tenta fazer uma critica sobre esses problemas ou apresentar algum tipo de consolo para as pessoas que já passaram por isso. Na proposta apresentada aqui, estes problemas que muitos de nós já passamos durante a vida é usado apenas como um recurso narrativo para chocar o jogador, o que pode incomodar algumas pessoas.

Com este aviso dado, posso dizer que Doki Doki Literature Club Plus é um dos jogos mais surpreendentes que eu já joguei na minha vida. Pois ele além de subverter e criticar de uma forma genial o conceito de livre arbítrio e liberdade, também consegue apresentar personagens interessantes que muitos de nós conseguiremos nos identificar. Por fim, o título apresenta momentos verdadeiramente aterrorizantes que poderá fazer até o maior amante de survival horror sentir um frio na espinha.

*Review elaborada em um Xbox Series S, com código fornecido pela Serenity Forge.

Doki Doki Literature Club Plus

R$ 54,95
10

História

10.0/10

Gameplay

10.0/10

Gráficos e Sons

10.0/10

Extras

10.0/10

Prós

  • História surpreendente
  • Visual cativante
  • Personagens com profundidade narrativa
  • Faz o jogador refletir
  • Sabe usar o terror psicológico de maneira correta

Contras

  • O jogo poderia ser mais longo

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.